No passado dia 6 de maio, pessoas idosas, profissionais do setor dos cuidados, investigadores e representantes institucionais reuniram-se no I Fórum do Barcelona Aging & Longevity Lab (BALL) para partilhar ideias, desafios e soluções em torno do envelhecimento ativo e digno. O evento, realizado no Auditório do Instituto de Investigação Vall d’Hebron (VHIR),
colocou as pessoas idosas como protagonistas reais de um espaço onde puderam partilhar as suas vivências e visões de futuro.
Uma jornada transformadora na qual, desde a Efebé, tivemos a oportunidade de moderar a mesa redonda sobre o futuro da habitação sénior, um tema-chave para o presente e o futuro do setor residencial.
Um espaço para partilhar desafios e oportunidades
A sessão de abertura contou com vozes de referência como a Dra. Anna Santamaria, Diretora de Estratégia Interna do VHIR, que defendeu a necessidade de uma ciência mais aberta, participativa e conectada com a realidade das pessoas idosas, destacando o compromisso do centro em criar espaços de investigação inclusivos.
Em seguida, o Dr. Marco Inzitari, diretor do Parc Sanitari Pere Virgili, pronunciou um discurso que marcou o tom de toda a jornada: um olhar otimista, corajoso e criativo sobre o envelhecimento como uma oportunidade para a inovação, a colaboração e a transformação social.
Também participou a Sra. Assumpta Escarp, ex-deputada e porta-voz de Saúde no Parlamento da Catalunha, que recordou que a longevidade deve ser um eixo central da agenda política, económica e científica do país. Enfatizou especialmente a necessidade de empoderar as pessoas idosas, reconhecer os seus direitos e garantir o acesso à habitação como base da dignidade.
Por parte do BALL, a coordenadora executiva Carlota Zabaco deu as boas-vindas aos participantes e destacou a importância de construir este espaço de forma conjunta.
Repensar a habitação para as pessoas idosas: uma mesa para abrir novos olhares
No âmbito do Fórum, a mesa redonda “O futuro da habitação sénior: opções e desafios” abriu um espaço de reflexão sobre como adaptar os modelos residenciais às preferências e necessidades das pessoas idosas.
Moderada por Anna Fornt, diretora geral do Grup Efebé, a sessão focou-se em questões-chave para o presente e o futuro do setor: onde queremos envelhecer, como queremos fazê-lo e que papel desempenha a habitação na promoção da autonomia e do bem-estar.
Três perfis diversos participaram, trazendo visões complementares:
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Francesc Xavier Soley, diretor da Residência Ramon Berenguer, defendeu a necessidade de um modelo assistencial mais flexível, capaz de responder aos diversos perfis das pessoas residentes.
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Mercè Mas, membro do Conselho de Pessoas Idosas de Barcelona e da FATEC, sublinhou a importância de escutar a voz das pessoas idosas na definição dos espaços onde vão viver: “Tomar decisões também faz parte da dignidade.”
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Carles Donat, codiretor do Observatório Metropolitano da Habitação de Barcelona, trouxe dados e contexto sobre o estado atual do parque habitacional e abriu o debate sobre novos modelos, como o cohousing ou a habitação com serviços.
O debate evidenciou que a habitação não é apenas um espaço físico, mas um direito fundamental ligado à qualidade de vida, à liberdade e à participação social das pessoas idosas. Uma reflexão que se conecta diretamente com a missão da Efebé: conceber ambientes que acompanhem as pessoas ao longo de todas as etapas da vida.
Uma jornada para construir respostas coletivas ao envelhecimento
Ao longo da manhã, o Fórum deu voz a diversos agentes do setor para analisar os grandes desafios sociais ligados à longevidade: desde a participação das pessoas idosas na investigação até à solidão indesejada ou ao futuro das profissões de cuidado.
Investigação ética e inclusiva
A primeira mesa, centrada na investigação responsável e inclusiva, destacou a importância de incluir as pessoas idosas como participantes ativas nos projetos de inovação. Com uma abordagem ética e colaborativa, o debate foi moderado pelo psicólogo social Lluís Jordi Farré e contou com a participação de figuras como o Dr. Simón Schwartz, a Dra. Montserrat Esquerda e Sara Mas, do VHIR. Todos concordaram numa mensagem comum: a ciência deve escutar e incorporar as vozes de quem vive o envelhecimento em primeira pessoa.
Construir comunidades para combater a solidão
A segunda mesa abordou um dos fenómenos mais preocupantes da atualidade: a solidão indesejada. Moderada por Pilar Rodríguez (Grupo ABD e Fundação iSocial), a sessão apresentou iniciativas como o projeto Vincles Alt Pirineu-Aran ou o Casal Online da Suara Cooperativa, que trabalham para tecer redes comunitárias e prevenir o isolamento entre as pessoas idosas. Uma temática especialmente relevante para residências e serviços de atenção domiciliária, que devem adaptar-se a novas realidades emocionais e sociais.
Valorizar os cuidados e quem cuida
Finalmente, a mesa “Cuidar de quem cuida” colocou o foco nas equipas profissionais que acompanham as pessoas idosas. Com a moderação de Oriol Fuertes (Qida), e os contributos de Paloma Amil, Ester Giró e Mònica Capella, debateu-se o futuro da profissão dos cuidados, a necessidade de reconhecimento social e os estereótipos que ainda afetam o setor. Um debate imprescindível para garantir a qualidade da atenção e a sustentabilidade do modelo assistencial.
Encerramento institucional com compromisso de futuro
O encerramento do Fórum ficou a cargo da Sra. Marta Villanueva, vereadora de Saúde, Pessoas com Deficiência e Estratégia contra a Solidão da Câmara Municipal de Barcelona, que destacou a importância de somar esforços entre instituições, profissionais e sociedade civil para construir uma cidade mais amigável para as pessoas idosas.
O 1.º Fórum do BALL concluiu com uma ideia clara: só através do diálogo, da inovação e da participação real poderemos transformar o futuro do envelhecimento. Um futuro que nos interpela a todas e todos.